O seu cabelo crespo é pop

cabelo-cacheado

Quem nunca brincou numa conversa dizendo que fulano vem de uma família margarina? Sim, uma referência àqueles comerciais de TV em que, para promover o produto, a empresa aposta na família feliz, bem de vida, com todo mundo loirinho e bonitinho. Vamos combinar, sem muito barulho, alguém se lembra de comercial de manteiga com família negra? Se bem que há uma sendo exibida nesses dias, de uma marca famosa, em que aparecem uma mulher e um homem negros, meio que rapidinho.

Outra coisa, numa analogia mais distante: o comercial de cerveja. Quase sempre com mulher bonita e – perdão pelo termo – gostosa. Quase sempre com referência a praia, sol e mar. E por aí vai, até chegarmos aos comerciais de produtos para os cabelos. Pois bem, eles são sempre compostos por aqueles longos cabelos das mulheres mais lindas, geralmente modelos, de acordo com um padrão de beleza estabelecido, e que conhecemos muito bem. Ou precisa desenhar?

Pensando nisso tudo, me veio à cabeça uma dúvida. A quantas está o mercado de produtos étnicos? Aqueles voltados aos cuidados dos cabelos crespos e ondulados, entre outros.

Uma matéria publicada pela revista H&C há quase dez anos (de 2006) revelou que a participação dos itens étnicos ultrapassava os 20% no segmento capilar. Naquela oportunidade, a revista informou que, segundo dados da associação do setor, os produtos dessa categoria movimentaram mais de R$ 800 milhões em 2005. Verdade seja dita, a coisa não é nova. No mínimo, esse mercado já está virando adolescente, se já não é adulto.

No mês passado, uma matéria do site Cosmétivosbr reforçou a tese de que agora os cabelos étnicos estão sendo finalmente valorizados. Bem, imagino que se isso está acontecendo é porque a indústria vem apostando em formulações voltadas ao público-alvo para esse tipo de produto.

E, também, pelo fato da demanda de consumo crescer. O site tece algo que reforça isso. De acordo com uma profissional da empresa de inteligência de mercado Factor-Kline, o consumidor tem mudado sua percepção e atitude provavelmente devido ao aumento do conhecimento dos danos de longo prazo dos alisamentos contínuos e os altos custos para sua manutenção.

Ou seja, o consumidor está assumindo o seu cabelo naturalmente cacheado e busca produtos que realmente são direcionados ao tratamento específico desse tipo de fio.

Isso me fez lembrar até de quem, por necessidade pessoal, precisou achar um meio de cuidar dos seus cabelos crespos. E, com isso, passou de consumidora a empresária. Heloisa Helena de Assis, a Zica, era faxineira, e com a grana que conseguiu do marido, vinda da venda de um fusca da família, começou um negócio que empregaria quase dois mil funcionários e produziria cerca de 300 toneladas de produtos por mês. Vale dar uma olhada nessa história para inspirar-se. Clique aqui, e boa leitura!

(por Bárbara)

Foto: Reprodução/mandymooree.tumblr.com

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22 comentários sobre “O seu cabelo crespo é pop

  1. Não basta vender um produto, é preciso vender um ideal. Felizes são aqueles que se mantém originais a si mesmos não permitindo serem comprados por propagandas e, consequente e obviamente, não se tornando cópias dos outro$.

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  2. Meu cabelo já veio ao mundo rebelde e volumoso, uma verdadeira juba de leão. Atualmente essa tem sido minha ultima preocupação, parece que o pessoal está dando mais valor a isso do que as coisas que mais importam. Assumi que tenho cabelos difíceis de lidar, saio com eles livres de estereótipos. Daí eu penso: será que eu sou uma pessoa ruim por isso? Engraçado pensar que eu sou uma mulher, mas não estou nem aí de sair descabelada de casa… Quem me dera se tivesse cachos!

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  3. Eu peguei o dna do meu pai em cabelos lisos, mas sempre quis o da minha mãe que tem cabelos cacheados. Já cheguei até a fazer permanente 😀 os mais jovens nem deve fazer ideia do que é! Enfim, acho lindo cabelos cacheados!

    De qualquer forma, com as devidas proporções, sou a favor de que cada um siga o que lhe dá prazer 🙂

    Em relação a comerciais… Eu já indaguei sobre isso:
    https://cadeiranteemprimeirasviagens.wordpress.com/2012/05/25/alguma-crianca-negra-ja-disse-oi-no-comercial-da-oi/

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  4. muito bom.
    Ultimamente tenho visto muita gente se orgulhando de quem realmente é, e fico feliz com isso 🙂

    Sobre produtos pra cabelos crespos e afins, existe uma marca, chamada “Lola Cosmetics” ou algo assim, que é destinada para cabelos crespos, ondulados, cheios e encaracolados. Acho a proposta deles bem bacana xD
    Beijo!

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  5. Principalmente aqui no Brasil tem se percebido ~ finalmente! ~ esse direcionamento do mercado. Nosso país é uma miscigenação e precisa ser tratado como tal.
    Temos o povo negro, mulato, pardo. E cada vez mais assumindo seus cachos.
    Fico feliz!
    Texto bacanudo, Rodrigo!
    Abraço.

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  6. Tem muita gente descobrindo e explorando as liberdades de ser “diferente” (falando a partir dos tais padrões) e isso é muito legal!
    Sobre os comerciais, acho que os a favor do cabelo crespo estão começando a aparecer mais!! 🙂

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  7. Infelizmente eu sou uma das inúmeras garotinhas que acreditou na ilusão que pra ser bonita tem que ser alisada. E eu glorifico de pé hahaha que hoje em dia tem váaaarias meninas que assumiram seus cabelos e ajudam/ensinam as outras a como cuidar e tudo mais. Na minha época – e eu tenho 20 anos- as pessoas não sabiam como cuidar do cabelo cacheado ou crespo. Enfim, adorei o post e adorei a imagem escolhida ❤

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  8. Acho importante sempre debatermos sobre temas como esse, aos poucos a mídia começa a entender que 57% dos brasileiros são negros ou pardos e que esse público precisa aparecer, porque eles também consomem. Queria que o preconceito e a exclusão social um dia realmente não existissem.

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  9. Temos que falar cada vez mais desses assuntos, nem todas as belezas são representadas em comerciais, filmes, etc. Fiz faculdade de publicidade e já ouvi o absurdo: pessoas negras não vendem.
    Estou aguardando o dia que isso tudo vai melhorar, porque do jeito que está não tem como viver.

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  10. Muito bom o texto. Eu tenho um cabelo bipolar. Tem dias que é super enroladinho e no outro é mais pra ondulado. E por muito tempo andei com ele amarrado (cabelo bandido hehe). Até que resolvi soltá-lo bem na época que a moda era cabelo liso, esticadão. Uns diziam que meu cabelo era lindo e outros (a maioria) me mandavam alisar, que iria combinar, que ia ficar bonito. Mas nunca quis alisar, pelo menos não permanentemente. Hoje as pessoas elogiam, perguntam qual produtos eu uso em meu cabelo , agora meu cabelo é pop hahahaha Mas independente do que seja a “referência de beleza” o mais importante é se sentir feliz com o que a gente é.

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